Ainda há formatos interessantes para inventar em televisão? Por estes dias, é esta a questão que se coloca. A resposta é uma: há. Mas para inventar, para criar, para pensar mais à frente, para executar o que se pensa ser correcto, é preciso dinheiro. E é isso que falta: o mercado vive ainda dias de estrangulamento financeiro, os sinais de retoma económica que alegram os políticos ainda não chegaram ao investimento publicitário. Os tempos são mais de redimensionar, de encolher, do que apostar e arriscar. E por isso, os programadores ou preferem produzir em casa (baixam os custos de produção e controlam melhor o produto) ou fecham a torneira orçamental aos produtores externos, contribuindo aliás para a perigosa asfixia na produção audiovisual independente que vivemos actualmente.
O resultado está à vista e não podia ser outro: M/F, Dança no Gelo, O Último Passageiro e, provavelmente, o Família/Família, que se estreia amanhã na RTP, têm embrulhos diferentes e, aparentemente, atractivos, mas bem espremidos são mais do mesmo: formatos desgastados, preguiçosos e incompetentes.
Quem os produz já deu mostras de saber fazer melhor. Quem os encomenda já provou que sabe pensar mais do que aquilo. O dilema é, portanto, pertinente: o que pesa mais: a falência da bolsa ou a falência de ideias? A primeira pode ter efeitos mais imediatos. Mas os resultados da segunda, quase sempre, são fatais.
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