Talvez a questão nem se ponha - talvez não seja a SIC a decidir o que fazer com Ricardo Araújo Pereira, mas Ricardo Araújo Pereira a decidir o que fazer com a SIC. O facto, porém, é este: RAP tem hoje um tal valor televisivo (o mesmo, talvez, que um dia tiveram Herman José ou Catarina Furtado) que o melhor é Nuno Santos encontrar depressa uma proposta à sua medida. Se Ricardo não quiser fazer mais televisão, paciência. Se quiser, convém impedir que escolha a RTP ou a TVI.
Para trás vão ficando José Diogo Quintela, Miguel Góis e Tiago Dores. Durante anos, foram eles os primeiros a promover o protagonismo de RAP. Ricardo podia ser ou não o melhor criativo, mas era o melhor actor - e todos tinham a ganhar se os papéis mais carismáticos fossem interpretados pelo melhor actor. Desta vez, penso eu, cometeram um erro estratégico. Gato Fedorento - Esmiúça os Sufrágios era para ser apresentado por todos, alternadamente - e todos os três, depois dos primeiros programas apresentado por RAP, acabaram por recuar.
Se há uma grande diferença entre Jon Stewart e os seus compagnons de route, há agora também uma grande diferença (uma diferença ainda maior do que antes) entre RAP e os restantes três elementos do grupo (e até entre RAP, aliás, e os restantes criativos portugueses da sua geração, incluindo os escritores). Não é com o Gato Fedorento, portanto, que a SIC tem de preocupar-se: é com Ricardo. Segurando-o, pode perfeitamente abdicar de tudo o mais.
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