28 de setembro de 2009

Frente a Frente


Boa noite. Seja bem-vindo à segunda edição do Frente a Frente. A partir de hoje esta rubrica passa a centrar-se apenas na defesa de um programa e não em referir também os seus contras. O duelo desta noite é entre as novelas nacionais e brasileiras. Vote na sua opinião preferida.


A aventura das novelas do Brasil já começou há muito. Em Portugal, a RTP1 foi a sua pioneira ("Gabriela, Cravo e Canela" e "Escrava Isaura", por exemplo) , mas foi na SIC que elas tiveram o devido protagonismo. No início de vida da estação de Carnaxide, as novelas brasileiras muito contribuíram para o seu crescimento.
Os seus resultados puseram a SIC na ribalta, tendo ajudado o canal a atingir shares próximos dos 50%.

As novelas brasileiras foram um marco da história televisiva em Portugal. Milhões e milhões de pessoas até há bem pouco tempo acompanhavam em massa as produções da terra de Vera Cruz. No entanto, nos últimos anos, temos assistido no nosso país a uma quebra de audiências nas novelas de origem brasileira.
Com o crescimento a olhos vistos da produção nacional, tornou-se visível a mudança de hábitos dos portugueses. A maior parte do público deslocou-se para a TVI, onde assistiu e continua a assistir a verdadeiros fenómenos de audiência.

No entanto, nunca é de desprezar a qualidade das novelas brasileiras. Acompanhei várias que me marcaram. "A Torre de Babel", "Terra Nostra", "Malhação", "New Wave" e "Laços de Família" foram algumas delas. Mas mais recentemente, também acompanhei "Páginas da Vida", "Cobras & Lagartos", "Paraíso Tropical" e "Beleza Pura".

No meu ver, a qualidade das novelas brasileiras é nata. As histórias de vida que nelas são retratadas, os personagens que nos ficam na cabeça, algumas expressões que não esquecemos, as paisagens maravilhosas que são mostradas, são
elementos de enorme prestígio das produções do Brasil.
No entanto, o facto de se estar constantemente a lançar novas novelas, muitas delas com argumentos parecidos, leva a
que as pessoas não fiquem a elas tão agarradas.
Isto acontece em Portugal, mas também no Brasil. Apesar da Globo ser a líder de audiências nas terras de Vera Cruz, já viveu melhores dias.

Por isso tenho esta opinião: às vezes para se ter qualidade, é preciso não existir tanta quantidade. As novelas brasileiras vão ser sempre um marco de televisão, mas pelo menos em Portugal, a SIC tem de mudar a estratégia que tem, ou então escolhe-las melhor.
É por isso que neste momento vemos a estação de Carnaxide a apostar na promoção de "Viver a Vida".
Não sei se vai ter grandes resultados, mas acredito que o primeiro episódio vai agarrar muitas pessoas ao ecrã. Mano
el Carlos é do melhor!


Quando se fala em telenovelas portuguesas, a nossa ideia vai sempre ter ao encontro da TVI. Afinal foi para os lados de Queluz de Baixo que se apostou forte em ficção nacional. Mas, antes disso, elas também existiram no canal público (o caso de “Vila Faia”) ou na SIC (“Ganância”, ”O Jogo”). Contudo foi efectivamente pela mão de José Eduardo Moniz que as telenovelas portuguesas entraram nas “bocas do povo”.

A “bomba” deu-se com “Jardins Proibidos” e desde aí, nunca mais parou, tendo a TVI somado sucessos atrás de sucessos. É notório o aumento de qualidade das produções, do elenco, das personagens e dos argumentos.

Há um progresso. A aposta em enredos mais populares, a descoberta de locais fascinantes, a expansão até outros países, culturas, formas de estar.. O uso de temas fortes, como a homossexualidade, as doenças terminais… tudo isto contribuí para aquilo que hoje fez, faz e fará parte do universo ficcional português. Quem não se lembra de “Todo o Tempo do Mundo”? De “Saber Amar”? De Fernanda Serrano a rapar o cabelo em “Queridas Feras”?

Se há produto que actualmente consegue (e faz) muitas vezes resultados superiores a jogos de futebol, ele é sem duvida alguma uma telenovela nacional. Telenovelas estas, que acabaram com a liderança das homónimas brasileiras. Talvez devido ao facto de se adequarem mais ao panorama nacional, de estarem mais ao encontro da realidade portuguesa. Perderão estes produtos de ficção o protagonismo? Não, não. Penso que cada vez mais alcançarão óptimos resultados, porque os portugueses estão fartos de “programas da carochinha”, e as telenovelas permitem que vejam a vida com esperança. Contudo, por vezes tornam-se um pouco saturantes e cansativas.

Mas é disto que o povo gosta, e é graças a ele que as telenovelas alcançaram o seu “estatuto” na televisão nacional.


PS - Aqui ficam os resultados do primeiro Frente a Frente:

Vida Nova, por Tiago Henriques - 66%
"As Tardes da Júlia" por Diogo Santos - 33%

Findada a enquete, damos início a outra. Vote na opinião que achou mais forte!

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