2 de junho de 2011

Fecho


Boa noite. Fechamos esta quarta feira com mais uma crónica de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Tudo. Outra vez.

Portugal vai a votos de novo no domingo. De novo. Nos últimos dois anos, os portugueses foram chamados cinco vezes às urnas: em 2009 para as europeias (Junho), para as autárquicas (Setembro) e para as legislativas (Outubro) e em 2011 para as presidenciais (Janeiro) e, de novo, em Junho (para as legislativas). Este, sim, é um número que devia preocupar o FMI. E, portanto, lá estamos uma vez mais na estrada, em animada campanha, ouvindo os mesmos homens do costume esgrimirem as mesmas ideias do costume, com as estações do costume a mandarem para o terreno os repórteres do costume.

Não admira que andemos todos a deitar campanha pelos olhos. Não admira, portanto, que andemos todos fartos de os ouvir. A eles, políticos, mas também a eles, repórteres. Um ângulo novo, uma conversa intimista, uma reportagem de bastidores, um comentário em estúdio, uma sondagem diária, uma noite eleitoral, uma grande operação, uma informação de referência.

Nos últimos dois anos, já ouvimos esta história cinco vezes, já ninguém nos surpreende, já ninguém é capaz de um rasgo de originalidade, já ninguém aguenta. A eles, repórteres, mas também a eles, políticos.

Já não é só a voz que lhes falta. Falta-lhes tudo o resto. Paciência para mais um beijinho, maxilares para tanto sorriso para a foto, vigor para tanto braço no ar, carro para tantos quilómetros na estrada, barriga para tantos jantares-comício, autocarros para tantos militantes que é preciso mobilizar.

Que chegue rápido o fim- -de-semana. Que passe rápido o dia de "reflexão", que venha a correr a "noite mais longa", no domingo. Que venha, enfim, o dia 6. O País precisa de trabalhar. Mas talvez sejam necessárias umas férias...

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