29 de maio de 2011

Fecho


Fechamos o Sábado do Televisão-Opinião com mais uma crónica de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Lucrar com a dúvida

Ainda ontem dois amigos fizeram-me uma pergunta que reflecte bem a dúvida instalada na cabeça de muitos espectadores em relação à natureza do programa O Último a Sair, na RTP1. Perguntavam-me eles: "Ouve lá, quanto é que a RTP terá gasto naquela casa? É que é uma bruta casa com piscina e tudo", justificaram. Pois, a casa que vemos na televisão não é uma casa, é um estúdio, como se de uma novela se tratasse. Um estúdio mobilado, é certo, com um jardim com piscina a sério, mas não deixa de ser um estúdio. Muito bem feito, por sinal. Tão bem feito, que suscita dúvidas aos espectadores.

A RTP lucra com essas dúvidas. Aliás, a ambiguidade do próprio conceito foi promovida pela televisão pública, numa estratégia bem definida. Que levou, de resto, a que deputados da Assembleia da República, num afã ridículo de fazer a sua prova de vida, tivessem gritado a sua indignação quanto ao facto de a RTP exibir um reality show, quando confrontados por um jornal diário enganado e apressado.

E o que é certo é que O Último a Sair é um bocadinho como a Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Parte de uma observação inteligente dos tipos de personagens que a eles concorrem, das lógicas discursivas de quem se fecha na casa, dos tiques e estratégias de quem os apresenta (seja Júlia Pinheiro, seja Teresa Guilherme, cujos nomes vão sendo mencionados, alternadamente, no programa de humor da RTP). Miguel Guilherme está óptimo no papel de Júlia e Teresa. Marco Borges e Gonçalo Waddington, entretanto já "expulsos", e Bruno Nogueira estão como peixe na água. E até a inclusão de Luciana Abreu, o palhaço Batatinha ou outras figuras decorativas, faz parte da tradição. Temos, pois, uma boa ideia bem executada. Não é coisa pouca...

2 comentários:

Anônimo disse...

O Último a Sair é sem duvida uma excelente ideia,bem produzida e salvo algumas exceções muito bem representada.

Uma dessas exceções, é sem duvida a do Miguel Guilherme.Muito exagerado,com um tipo de graça muito esforçada,muito pouco natural(que é fundamental no formato deste programa),enfim destoando e muito de todos os outros.Aliás o telespetador só percebe que não se trata de um verdadeiro reality show quando vê a sua falta de naturalidade.

Apesar de não ser ator Marco Borges está brilhante,Gonçalo Waddington genial,Rui Unas,Roberto Leal,Débora e Miguel muito bem.

É pena as audiências serem muito fracas...

As constantes repetições do programa por parte da RTP só o prejudicam...

Anônimo disse...

Eu acho que o Miguel Guilherme esta excelente no Ultimo a Sair.