13 de março de 2011

Fecho

Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.


Delírio colectivo

Eu quero ser feliz agora! Eu quero ser feliz agora! Eu quero ser feliz agora!", gritava Jel, em tom suplicante. E, entretanto, ali andava tudo, falando do poder das canções como arma de intervenção política, da gratidão que a democracia lhes deve e até do lugar que tudo isso tem de ocupar na história. Fiquei a pensar se um extraterrestre que aterrasse de repente em Portugal não acharia que havíamos cedido, em definitivo, ao delírio colectivo.


A Canção É Uma Arma?, debate sobre música de intervenção realizado a pretexto do sucesso de Luta É Alegria, e que a RTP promoveu no horário nobre de quinta-feira, foi o mais desconcertante momento de TV da temporada. José Rodrigues dos Santos estava impreparadíssimo. Rui Vieira Nery, meio atónito, ia balbuciando umas coisas, tentando não destoar. Pedro Abrunhosa e Fernando Tordo davam uma no cravo e outra na ferradura, reconhecendo méritos aos Homens da Luta, mas reclamando para si próprios méritos maiores ainda. E, nas entrelinhas, ali permanecia Jel, discorrendo sobre a sua banda (sic), os fãs da sua banda (sic), o superlativo significado dos votos que a sua banda (sic) recebeu dos portugueses e até as entrevistas que ele e a sua banda (sic) têm agendadas com jornais do mundo inteiro.


Pois descobri que, afinal, Luta É Alegria não é um sketch de humor: é música mesmo. Que a massa crítica da música nacional está disponível para considerá-la música. E que o principal canal público não só é capaz de entregar-lhe um Especial Informação numa quinta-feira à noite como ainda acha que pode escapar ileso com isso. Não deixo.


Eu não disse que Judite Sousa ia fazer falta?


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