1 Já aqui o disse: considero Nicolau Breyner o melhor actor mainstream português, com uma vocação para o género dramático talvez nunca antes registada no nosso audiovisual. Mas tenho reservas sobre a sua capacidade para a comédia e tenho mais reservas ainda sobre a sua habilidade para o papel de anfitrião. Na comédia, as tentativas foram inúmeras - e quase sempre mazinhas, apesar de os textos não ajudarem. Na apresentação, as experiências foram menos - mas seguramente ninguém se esquece da verdadeira tragédia que era a condução de Jogo de Cartas (esse mesmo que deu Filipa Garnel ao mundo). Pois Nico à Noite, com que a RTP1 pretende passar a animar (sic) as sextas-feiras, vai trazer-nos Breyner em ambos os preparos: como anfitrião (de um talk show) e como comediante (a não ser que a expressão "Nico", em vez de uma referência aos velhinhos Eu Show Nico ou Nico D'Obra, seja só uma graçola mal conseguida). Diz o actor que gosta de conversar - e que, aliás, é a conversar que se sente melhor. Espero que seja suficiente. Para um homem de 70 anos que atingiu a excelência sem precisar de representar o papel de diva revolucionária, fazer figuras tontas já virá um pouco a destempo.
2 Tenho alguma dificuldade em perceber a polémica sobre o suposto "plágio" de receitas cometido por Mafalda Pinto Leite. Muito óbvia terá sido a sua infracção para a Visão a despedir tão sumariamente e Rui Tavares Guedes confirmar com tal franqueza a acusação de plágio. Há na culinária, naturalmente, uma grande dose de criatividade, também ela copiável. Mas não estaremos a sacralizar em demasia a cozinha? Não será altura de, enfim, descontrairmos um pouco desta nova obsessão?
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