Boa noite. O Fecho de hoje incluí mais uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
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Pacheco Pereira é daqueles seres superiores. Que se acha acima da mediocridade do povo. É natural, ele odeia povo. E não percebe os gostos do povo. E não consegue entender a histeria do povo pelo futebol, e não consegue engolir que o povo goste de novelas, de reality shows, da praia de Carcavelos, de hambúrgueres do McDonald's. Pacheco conhece bem Marx, mas não sabe quem é a Rita Pereira. Pacheco conhece a vida toda de Cunhal, mas pensa que Angélico é o nome de um qualquer jogador de futebol de uma qualquer equipa que anda por aí.
Pacheco Pereira faz a sua vida há mais de 20 anos na televisão, mas tem um profundo desprezo pela televisão, porque ela é o veículo das banalidades que alimentam o po(l)vo. Imune a essas banalidades, Pacheco está no Olimpo e é de lá que, semanalmente, analisa o que lê nos jornais. Uma espécie de provedor dos leitores de um governo-sombra: ou seja, um oficial sem ofício.
E, apesar disso, o seu Ponto contra Ponto, o programa de opinião que assina na SIC Notícias, é interessante. Num registo Conversas em Família, Pacheco está sozinho. Ele e a câmara. A câmara e o espectador. E vai falando de jornalismo como se fosse jornalista, como se conhecesse a vida das redacções. Pacheco julga que conhece. Mas não conhece. Se conhecesse, não veria motivações políticas e manipulações em tudo o que mexe. Se conhecesse minimamente o estado a que chegou o jornalismo em Portugal, perceberia que a sua mente inventiva anda tão depressa que não conhece a palavra incompetência. Ora, isso não é só ignorância. É paranóia.
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