Fecho

O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.
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Em busca do público

A galopante subida da televisão por ca-bo e do IPTV (que quando for medida por cá dará uma facada na fatia de bolo dos canais generalistas…) não é apenas mérito da programação que aqueles operadores oferecem aos espectadores. Não é apenas resultado da diversidade da oferta, da segmentação dos conteúdos. É também, e muito, uma dádiva que os programadores tradicionais lhes fizeram o favor de dar. Ao relegar o cinema de qualidade para horas impróprias, ao colocar séries internacionais premiadas a seguir a um fartote de novelas, a horas proibitivas para a generalidade dos portugueses que trabalham no dia seguinte, ao encherem as tardes de fim-de-semana com filme-pipoca e repetições sem fim, os canais generalistas, sobretudo a SIC e a TVI, entregaram de bandeja ao cabo um público que quiseram dispensar.

E, afinal, esse público está disponível para voltar, se lhe derem qualidade, se não tornarem as antenas generalistas apenas numa espécie de carne para canhão. O exemplo mais recente foi a opção de Nuno Santos em programar Investigação Criminal para as tardes de domingo. Há oito dias, a série que conta com Daniela Ruah (e esse facto não é irrisório, antes pelo contrário, justifica os mais de 40% de share que conquistou), mereceu todos os elogios. Não sabemos o que acontecerá este fim-de-semana, mas o horário escolhido (logo a seguir ao almoço, num inverno particularmente chuvoso e friorento) é um convite ao velho público esclarecido: venham lá do cabo, que a vida por cá não é só novelas…