8 de janeiro de 2010

Fecho


Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Joel Neto, retirada do Diário de Notícias.

Privatizar a RTP?

Tem toda a razão, o deputado Paulo Pisco: a RTP Internacional e a RTP África estão ultrapassadas. A RTP Internacional, a RTP África e, aliás, a RTP Açores e a RTP Madeira. Há décadas que se convencionou que seriam assim, como são - e, quando alguém tentou que fossem de outra maneira, já não havia na casa gente, know how ou paciência para mover a montanha. Resultado: esgotadas de recursos, são hoje todas, de alguma forma, uma janelinha para um certo Portugal antigo, dialogando pouco com este tempo e menos ainda com o público a que se destinam. E o problema está na RTP1. Queira-se ou não, qualquer debate sobre o serviço público de TV terá necessariamente de ir dar a ele. É ele que enferma do equívoco original da auto-sustentação (de resto nunca conseguida) - e é ele que, sorvendo persistentemente todos os recursos da estação, verdadeiramente a afunda no pântano em tempos de crise publicitária. Tanto quanto parece a quem quer que se preocupe com este universo, a RTP deveria ter hoje cinco canais apenas: a RTP2 (incorporando o melhor da RTPN), os dois canais regionais, um só canal internacional e a RTP Memória. Igualmente desprovida de recursos, a RTPN não se distingue o suficiente da concorrência privada. Já a RTP África simplesmente não tem sentido: a TV portuguesa não deve sentir obrigações de serviço público para com África. E todos os canais seriam francamente melhores com o dinheiro poupado com a privatização da RTP1. Eis a mudança que toda a gente sabe ser a mais sensata - e eis aquilo que levaria os portugueses a pagarem a RTP com outra bonomia. Mas quem terá algum dia coragem para atacar este problema?

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