Big Show SIC e TVI
Se me perguntarem qual prefiro, entre Sempre a Somar (TVI) e Quando o Telefone Toca (SIC), escolho talvez a versão da SIC, mais frenética e sonorizada - o placebo ideal para uma noite de solidão repleta de energia difícil de conter. De resto, nenhum deles é propriamente um programa de televisão: são ambos um negócio.
Os prémios têm valores ridículos: podem ser de 100 euros, podem ser de 200 euros - e, quando são de 1500 euros (valor que nunca vi alguém ganhar), já trazem apensa, em letras grandes, a designação Jackpot. Entretanto, os "concorrentes" (o público em casa) vão enchendo outro balão, naturalmente muito maior, através das chamadas de valor acrescentado.
Não há uma ideia, uma graça, uma conversa: tudo assenta no "palpite" (o que estará por detrás daquele painel dedicado a "animais da quinta": estará "porco" ou estará "vaca"?) e na capacidade das apresentadoras (todas bonitas) para repetir ad aeternum, no melhor tom Big Show Sic, as "excelentes" respostas de quem escolheu porco em vez de vaca, pato em vez de galinha e cão em vez de cabra.
No fim, fica sobretudo a admiração pela capacidade daquelas raparigas para, na ausência de novos telefonemas válidos, empatarem a atenção do espectador durante longos minutos, repetindo até à exaustão que já foram descobertas as palavras "porco", "pato" e "cão". Negócio infalível em TV? Aquele que se alimenta, ao mesmo tempo, da solidão e da pobreza.
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