Entre as muitas vantagens do arranque de mais um Campeonato do Mundo de Atletismo, a menos importante não é, seguramente, a oportunidade de voltar a ouvir os seus velhos narradores. Jorge Lopes, da RTP, é bom. Luís Lopes, do Eurosport (e, às vezes, da Sport TV), é excelente - provavelmente mesmo o melhor narrador e/ou comentador desportivo português, à frente inclusive de Luís Piçarra (ciclismo, EURS), Carlos Barroca (basquetebol, SPTV) ou Nuno Miguel Santos (snooker, EURS), excelentes exemplos na sua modalidade e no seu estilo.
Luís Lopes sabe quase tudo. Prepara cada dia de trabalho, mas passa de certeza muito do tempo que outros consideram livre a ler sobre atletismo. Depois, e posto perante uma imagem, um atleta, um ensaio, é torrencial: conhece o atleta, as suas marcas e os significados destas no contexto do seu país, do seu continente, do mundo. Entretanto, ainda conhece as histórias, leu as entrevistas, decorou as manias. E, como um cineasta, abre em panorama sobre a paisagem, fecha em plano americano numa personagem, lança a grande angular sobre os seus olhos apenas - e volta a abrir e a fechar quantas vezes lhe apetece, com uma agilidade rara.
Podia falar cinco ou seis horas seguidas e nunca seria chato. Aliás: faz precisamente isso, em épocas de grandes competições. E eu nem quero imaginar como seria, por exemplo, ouvir um dos nossos comentadores de futebol durante seis horas seguidas.
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