O Relatório de Regulação apresentado esta semana pela ERC é equívoco, e a melhor prova disso é o capítulo dedicado à RTP. Ao centrar-se nos dados estatísticos, insistindo nas cronometragens dos temas cobertos e na contagem das fontes utilizadas, a Entidade Reguladora acaba por só encontrar virtudes na RTP, o que não será propriamente exacto. Entretanto, e ao pretender amenizar os encómios, Azeredo Lopes não consegue outra coisa senão, paradoxalmente, desmentir o estudo que ele próprio fez.
A razão por que José Alberto de Carvalho não percebe o discurso é simples: o discurso não faz sentido. Na melhor das hipóteses, trata-se de uma tentativa de justificar a própria existência da entidade. Se a informação pública for tão claramente melhor do que a privada, como indicam as estatísticas, de pouco serve uma auditoria desta natureza, com este peso institucional e este tipo de custos. Portanto, há que ressalvar: a informação da RTP é mais contida, mais diversificada e mais equitativa do que a da concorrência, mas a sua agenda não tem grandes "marcas distintivas".
Talvez fosse melhor darmos um saltinho até ao século XXI. Num tempo assim, a que chamámos "globalizado", o mais natural é a "aproximação das agendas jornalísticas" - e, portanto, o "princípio da distinção" está também na gestão que se faz da matéria informativa, não apenas na matéria propriamente dita. A acreditar nos números, a RTP gere-a melhor. Porque é que não havemos de conformar-nos com isso?
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