A crítica de televisão vai redespertando. Nem se percebe porque é que adormecera. Supremo meio de comunicação há pelo menos meio século, a TV deu um salto qualitativo brutal nos últimos 15 anos. Entretanto, porém, deixou-se corroer pelo vírus da "realidade" (incluindo reality shows, mas também uma série de mecanismos sucedâneos dispersos pela ficção, pelos talk shows, pelos concursos e mesmo pelos formatos jornalísticos, fóruns de telespectadores incluídos). E, se a imprensa da especialidade há muito se dispensou da obrigação de pensar o fenómeno, preferindo transformar-se ela própria num tentáculo dessa "nova televisão", nem por isso os jornais tradicionais tinham de deixar-se levar na onda.
Parece-me cedo, porém, para começarmos a assentar convenções. E essa de chamarmos aos meses de Verão silly season ("estação tonta"), expressão que apareceu na semana passada um pouco por todo o lado (após o arranque das apostas de Verão dos diferentes canais), é perigosa e enganadora. Perigosa porque, dita com a leveza com que sempre a dizemos, traz desculpabilização. E enganadora porque esta estação é, na verdade, tão tonta como as outras todas, com a diferença de que os programas mais tontos são por esta altura gravados "pelo país". Tanto quanto podemos perceber, na TV portuguesa é sempre Carnaval e ninguém leva nunca a mal. Pois eu acho que devemos continuar a levar a mal o excesso de Carnaval - inclusive durante o Verão.
Autor: Joel Neto
Fechamos por hoje e pelos próximos dias. O Televisão-Opinião vai de férias. E regressa dia 23/24 de Julho. Apesar desta interrupção, ela irá trazer-lhe uma nova imagem. E só por isso merece que regresse connosco. Mesmo assim, vou tentar postar sempre que possível. Até lá!
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