10 de maio de 2009

Crónica da TV - Nuno Azinheira

O humor de Camilo é popularucho. Mas isso não interessa. O que é certo é que ele fá-lo como ninguém.

Estava-se mesmo a ver. Num país que renasceu num 25 de Abril, não é surpresa para ninguém que um Presidente tenha sido batido por uma Generala... Voltou a ser assim, sexta-feira à noite. A estreia de Camilo, o Presidente não esteve mal (27% de quota, mais de um milhão de espectadores no actual contexto da SIC é quase uma revolução...), mas perdeu para Manuela Moura Guedes e o seu Jornal Nacional. Bastou a hora e meia da praxe de notícias e opiniões (ou opiniões e notícias, que a ordem dos factores é arbitrária...) na TVI para que a estreia da SIC ficasse para segundo plano. Mesmo assim, foi o melhor programa da estação, chegou ao quinto lugar do dia, coisa há muito não vista em Carnaxide. O que tem de tão especial este homem sem idade, que faz tanto segredo da sua? Camilo resume: "É um humor popular, sem ser popularucho." O cliché vale o que vale e nestas coisas vale pouco. O humor de Camilo é obviamente popularucho e não é por não ter asneiras nem palavrões que o deixa de ser. Mas também não é isso que interessa. O segredo do sucesso de Camilo é que ele sabe fazer aquilo como ninguém: aqueles maneirismos, aquelas caretas, aquela forma popular de fazer comédia, aquela ternura que nos faz pensar "oh, que querido. Tão velhote e ainda tão bem". E depois, é, como sempre foi, muito bem produzido. Aqueles 25 minutos resultam porque não há ali truques. São genuínos. E ninguém ousa não gostar de um avôzinho querido, genuíno, e que luta por se manter vivo...

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