27 de outubro de 2010

Fecho



Boa noite. O Fecho de hoje incluí uma crónica da autoria de Nuno Azinheira, retirada do Diário de Notícias.

Sexo no café

O que distingue o novo programa de sexo da SIC Mulher (Amor sem Limites) dos sucedâneos que se tornaram um culto na televisão portuguesa (O Sexo dos Anjos, de Júlio Machado Vaz, O Amor é, de Júlio Machado Vaz e Ana Mesquita, ou A, B... Sexo, de Marta Crawford)? É que enquanto Vaz e Crawford têm o dom da comunicação e deixam passar uma tranquilidade e segurança confortáveis para os espectadores, Maria do Céu Santo, não.

A médica obstetra e ginecologista, que tem agora à sexta-feira um programa no canal, é o típico caso de alguém que pensa depressa mas fala ainda mais depressa: come palavras, atropela-se, tem imensas dificuldades de dicção, é pouco natural, quase automática.

E, no entanto, o programa prende. Pela temática, seguramente, mas também pela forma. Maria do Céu Santo transborda simpatia e, por isso, cativa. Enquanto Machado Vaz e Marta Crawford valorizam o lado clínico e psicológico (de uma forma serena e descodificada, como só os grandes comunicadores sabem fazer), Maria do Céu Santo fala de sexo como uma dona de casa no café com as suas amigas.

Apesar de tudo, Amor sem Limites ganharia se tivesse uma dose maior de seriedade. Não sei se é esse o seu objectivo, ou se aquilo é apenas o que é e o que quer ser. É que se é só aquilo que quer ser, não faz sentido que, entre os convidados da primeira emissão, tenha estado um médico urologista. A sua experiência enquanto clínico nunca se sentiu na emissão como uma verdadeira mais-valia. Antes pelo contrário: ouvir um médico dizer que "os homens metem pressão" ou que nunca usará cremes porque isso "é um bocado feminino" não é conversa de consultório. É de tasca.

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